27 janeiro 2009

Cavaleiros Modernos

Os cavalos, aqueles animais de quatro patas, foram aos poucos sendo substituídos pelos cavalos de aço. A tropa cresce em progressão geométrica a cada semana, e em cidades mais movimentadas, já criaram suas próprias trilhas. A linha pontilhada nas grandes avenidas antes usada para separar as faixas de rolamento agora tem donos, num verdadeiro tropel moderno.
Mas esses cavaleiros modernos sofrem com as agruras do dia a dia, principalmente os que têm nas duas rodas seu instrumento de trabalho.
E não são raras cenas que há algum tempo pareceriam inusitadas. Em uma capital com ares interioranos, onde o clima muda a cada hora, é preciso estar preparado. O fato aconteceu numa avenida, próximo ao supermercado.
A moça esperava o ônibus num lado da rua. Chovia. Não uma chuuuuuvvvvvaaaaa, mas o suficiente para molhar. A avó da moça a chamaria de "chuva de molhar bobo". Mas o nosso cavaleiro, que de bobo não tinha nada, usou a cobertura do ponto de ônibus do outro lado da rua como abrigo. Abriu a caixa instalada sobre o cavalo e ao invés de documentos, flores ou pizzas, sacou a armadura do século 21: uma jaqueta e uma calça de material plástico, que vestidas sobre a roupa evitam que elas fiquem molhadas(pena que não evitem que os cavaleiros fiquem molhados de suor...). O detalhe interessante é que a cena se repetiu três vezes num intervalo de 10 minutos e no mesmo ponto.
Com certeza duas quadras para frente eles parariam novamente, agora para sacar a vestimenta. Afinal, em 15 minutos parou de chover, e como clima que se preze naquela capital, o sol voltou a brilhar...

Um comentário:

Nando disse...

Experiência própria: o problema começa logo de manhã cedo, antes de sair de casa... colocar ou não a capa de chuva?
O céu pode estar pra lá de preto, e não chover uma gota, ou estar mais ou menos cinza, e cair "água de balde".
Na dúvida, o melhor seria colocar a roupa de proteção, mas ela tem lá seus incovenientes. Você fica literalmente plastificado, pois as bordas (punhos e canelas) são vedados com velcro, e a gente acaba derretendo um pouco dentro da embalagem. Bem ou mal, chega-se um pouco molhado no trabalho.
Sem falar que, se a roupa estiver muito molhada, é meio complicado tirá-la sem se molhar um pouco também. E dependendo do sapato, até que vestir não complica, mas é quase impossível tirar a calça sem estar descalço: tirar o sapato, pisar com as meias no chão sujo ou molhado, etc etc, sempre uma cena bizarra...
Enfim, o jeito é ir se aguentando até a chuva apertar tanto que não dê mais para continuar sem ficar molhado, e dai achar rapidinho a cobertura de um ponto de ônibus ou de um posto de gasolina.
Mas isso tudo é o de menos.
Agruras mesmo são aquelas causadas por alguns motoristas curitibanos que ainda não se conformam com a agilidade das motos, principalmente nos dias de chuva, quando tá todo mundo parado e a gente consegue andar um pouco. Daí, fazem de tudo para fechar o corredor, no mínimo deixando o carro todo desalinhado da fila (o que atrapalha muiiito as motos).
Como a bovina histérica do Vectra prata, que ontem no fim da tarde -- parada no sinal, -- buzinou, baixou a janela e gritou porque eu, devagar-quase-parando, desequilibrei um pouco e ousei raspar a perna no paralamas (acho que é assim que se escreve isso agora) dianteiro do carro dela. Sim, a perna; a moto nem encostou...
Eu disse que tava tudo bem, que não tinha me machucado, mas ela aos berros ameaçava me processar por causa da preciosa lata velha...
Dá ou não dá vontade de aderir à campanha, e colocar na moto o adesivo "motoboy não é bandido"?

Em tempo, o povo das motos maiores não gosta muito de ser chamado de "motoqueiro"... preferem "motociclista". Pra mim, tanto faz. A verdadeira diferença está no cuidado na condução, e a esperança de um pouco de respeito por parte dos outros "usuários" das ruas.